Se entendido como um "Rock Band" ou "Guitar Hero" jogado com uma guitarra de verdade, "Rocksmith" certamente frustrará o jogador. No entanto, visto como um aplicativo de treinamento que usa o aspecto lúdico dos games para tornar o processo de aprendizado o mais prazeroso possível, seu conceito é digno de aplauso. Tomando vantagem do que a interatividade dos videogames pode proporcionar, "Rocksmith" é um instrumento fantástico para quem sempre quis tocar guitarra de verdade. Agora, se você está atrás apenas de diversão, ainda não há nada melhor que os "Rock Band" da vida.
INTRODUÇÃO
"Guitar Hero", de 2005, foi o jogo que deu visibilidade aos jogos musicais, capturando como nenhum outro a fantasia de ser um rock star. De lá para cá, esse estilo de game conheceu o céu e o inferno, e, nos últimos anos, praticamente sumiu de cena devido à saturação. Nesse contexto, "Rocksmith" veio com um conceito diferente: em vez de proporcionar diversão através do simulacro, busca a satisfação do jogador ao fazê-lo desenvolver uma habilidade (no caso, tocar guitarra). Essa abordagem mira um público mais restrito, mas o game cumpre bem sua proposta.
PONTOS POSITIVOS
Didática eficaz
A cereja do bolo de "Rocksmith" são as tecnologias a serviço da didática, usando de forma inteligente os recursos de interatividade. Basicamente, tudo que já foi inventado para ensinar a tocar guitarra está no jogo - e com uma apresentação mais dinâmica e lúdica. O título cobre desde os iniciantes - explica, entre outras coisas, como segurar as cordas e palhetar - como aqueles que já têm alguma familiaridade com o instrumento.
A tela principal lembra games como "Guitar Hero" e "Rock Band", com uma pista em que as notas aparecem do fundo do cenário. No entanto, em "Rocksmith", não são apenas cinco ou dez posições, mas a escala inteira da guitarra (6 cordas e 22 casas). Não existe nível de dificuldade fixo e esta é uma das maiores sacadas do jogo: ele simplesmente ajusta a complexidade automaticamente, dependendo de quão bem o jogador consegue acompanhar as notas.
No começo, somente algumas notas aparecem na tela, mas conforme o desempenho, mais e mais pontos coloridos inundam a pista. A parte inteligente é que o jogador não precisa se limitar ao que aparece na tela: se conseguir tocar certo mesmo as notas que não aparecem, o jogo pula etapas até encontrar o nível de dificuldade adequado. Também não é preciso usar a corda indicada: tocando no tom certo, o game aceita.
Apesar de parecer "Rock Band", não há game over nem elementos como poderes especiais. O que há de jogo é uma pontuação, que serve de base para avaliar o progresso do jogador. Quanto mais avança, mais extras são liberados.
Extras bacanas
As opções de jogo fora da "campanha" principal, chamada de Journey, também mandam muito bem. É o caso do Guitarcade, que são uma coletânea de minigames controlados pela guitarra. É um ganho duplo: ao mesmo tempo em que se diverte, ganha-se desenvoltura no instrumento musical.
Já o Technique Challenge é mais tradicional: lembra o modo principal, mas com canções que põem foco em uma técnica específica (são terminologias como sliding, palm muting, hammer-on e pull-off). No Chord Book, treina-se a posição dos dedos para tocar os diversos acordes.
No entanto, a modalidade que mais diverte é o Amp, que permite brincar com vários pedais de efeito e simular sonoridades de alto-falante de diversas marcas, transformando a TV ou o aparelho de som num amplificador. Obviamente, não é a mesma coisa que uma aparelhagem de verdade, mas, para brincar, é mais que suficiente (e beeeeeeeem mais barato).
Trilha sonora acertada
Gostar ou não de uma música é uma questão pessoal, naturalmente, e a trilha sonora de "Rocksmith" não é tão estrelada quanto a de um "Rock Band", por exemplo, mas, do ponto de vista didático, faz todo sentido. E o processo de aprendizagem é tão prazeroso - afinal, quem não quer tocar "(I can't get no) Satisfaction", dos Rolling Stones? - que você acaba tendo simpatia pela canção.
PONTOS NEGATIVOS
Diagrama confuso
Talvez não haja como fazer melhor, mas o esquema de ícones em 3D, às vezes, é bem confuso de ser compreendido, principalmente os acordes, ou quando as notas vem num intervalo muito curto de tempo, como nas partes de solo. É uma questão de se acostumar, mas leva-se um tempo para isso. Como alternativa, há um modo de tablatura, com os ícones sendo substituídos por números.
Configuração complicada
Pela natureza do título, é necessário um razoável investimento para poder começar. O game em si já tem um valor mais alto que a média e é necessário ter uma guitarra de verdade. E, para a maioria dos usuários, é necessário trocar os cabos do videogame: na configuração ideal, é necessário conectar a saída ótica ou analógica de áudio num aparelho de som (pelo HDMI, há um "lag" de sinal que praticamente inviabiliza as partidas). O Wireless Stereo Headset, da Sony, poderia tornar as coisas mais fáceis, mas, com ele ligado, o cabo conectado à guitarra não funciona.
Visual fraco
Num título assim, os gráficos não são essenciais, mas não precisava ser tão pobre assim. Alguns cenários lembram coisas da geração passada, como o público de clones que parece feito de papelão. Não custava ter um pouco mais de cuidado como outros games musicais, que transmitiam muito bem as sensações de estar num palco.
FONTE UOL JOGOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário