- Pontos Negativos
- Visão de mundo excêntrica
- Problemas visuais
- Pouco incentivo para replay
Considerações
"Shadows of the Damned" é o que se pode esperar de um trio formado por Akira Yamaoka, Shinji Mikami e Suda51: um "Resident Evil 4" um pouco mais evoluído com visão de mundo excêntrica e uma trilha sonora magnífica. É um título que, por sua temática, deve dividir opiniões, pois, a mecânica de jogo, apesar de sólida, é também engessada para os padrões do Ocidente. Mas se você se amarra em games de tiro mais cadenciados, com quebra-cabeças elaborados, e títulos "estranhos" em geral, "Shadows" é uma boa pedida.
Introdução
Nascido da iniciativa EA Partners, programa da Electronic Arts que busca lançar games de produtoras que não são do grupo, "Shadows of the Damned" não nega o DNA de seus idealizadores, os japoneses Akira Yamaoka (compositor de "Silent Hill"), Shinji Mikami (diretor de "Resident Evil") e Goichi Suda (mais conhecido como Suda51 e autor de títulos como "Killer7" e "No More Heroes").
Pode-se descrever o novo game da Grasshopper Manufacture como um cruzamento de "Resident Evil 4" e filmes de sabor mexicano de Robert Rodriguez, como "A Balada do Pistoleiro" ou "Um Drink no Inferno". A essa fórmula já meio bizarra acrescente a excentricidade e o humor de Suda51 e a trilha sonora de Yamaoka, que, bem ou mal, não passa despercebido. Enfim, "Shadows of the Damned" é um game que pode ser acusado de tudo, menos de não ter personalidade.
Pontos Positivos
- Visão de mundo excêntrica Normalidade nunca foi característica dos games de Suda51 e "Shadows of the Damned" não é exceção. Como seus trabalhos anteriores, a visão de mundo desse game deve dividir opiniões (registre-se que o resenhista é muito fã de suas obras, principalmente "Killer7"). O protagonista atende por Garcia Hotspur e seu trabalho é caçar demônios. Mas ele não faz o estilo metrossexual do colega de profissão Dante, de "Devil May Cry"; ao contrário, ele tem barba por fazer, o corpo inteiro tatuado e uma grande cicatriz em forma de cruz na altura dos olhos. E seu linguajar não é nada polido (afinal, ele mata criaturas do inferno, oras!) Por mais estranho que possa parecer, trata-se de uma história de amor: a incursão de Garcia pelo inferno para recuperar sua amada, Paula. O.k., não é nada original (que diga Orfeu), mas a viagem tem suas compensações, ao menos para quem gosta de bizarrices: sangue, corpos mutilados, empalados e pedaços de carne em todo tipo de estado estão espalhados pelos caminhos sinistros do submundo. Há muito humor negro (é incrível a quantidade de vezes que Paula morre) e de cunho sexual (provavelmente o jogo com mais piadas sobre falos já feito). Para quem se amarra em filmes, o jogo está cheio de referências do cinema.
- Mecânica de jogo sólida Assim como o clima do game, a mecânica de jogo também pode dividir opiniões. A rigor, é muito semelhante a "Resident Evil 4", ou seja, um misto de tiro em terceira pessoa com ação. Apesar de ser mais livre que o jogo com zumbis da Capcom (e feito pelo mesmo Shinji Mikami), ainda é engessado e lento se comparado a títulos similares do Ocidente. Mas "Shadows of the Damned" compensa com boas doses de ação. Além de possuir uma arma mutante que pode virar pistola, metralhadora ou espingarda, Garcia também pode usar vários ataques corpo-a-corpo, o que faz com que os demônios possam ser exterminados de várias formas: um tiro certeiro na cabeça é recompensado com uma animação especial e há pelo menos dez tipos de ataques brutais (basta paralisar o inimigo com o tiro secundário, chegar perto e usar o botão de contexto).
- Grande variedade de atividades "Shadows of the Damned" é um game linear, com elementos de exploração limitados. O título tem duração de pouco mais de dez horas, mas não apela para o tedioso recurso de fazer ir e vir pelo mesmo mapa e traz novidades o tempo todo. O número de inimigos é reduzido, mas as situações são as mais diversas. Isso se deve ao sistema de luz e sombras, que cria uma ampla variedade de condições e de quebra-cabeças. As trevas são um perigo para Garcia e lhe suga energia. Para se livrar dessa enrascada, só encontrando um foco de luz própria. Em geral, são candelabros em formato de cabra (aqui é o inferno, não precisa fazer sentido), mas eles nem sempre estão em locais óbvios. Para complicar, alguns quebra-cabeças (e chefes de fase) exigem a presença da escuridão. O sistema de travas faz com que o mais simples dos inimigos ganhe uma certa complexidade. A escuridão pode envolver as criaturas e as tornam imunes a tiros comuns. Para desfazer essa armadura, somente uma grande concentração de luz, como o segundo tiro das armas. E, claro, a complexidade para matar os inimigos fica ainda maior nos chefes, e exigem dos jogadores tanto habilidade como a "sacada" de como fazer para revelar seus pontos fracos. Mas o game conta com doses generosas de itens de recuperação de energia, e, assim, a dificuldade fica bem amena.
- Trilha sonora magnífica Akira Yamaoka diz a que veio na Grasshopper. O compositor disse ter feito mais de 250 músicas para o game, o que seria o dobro para uma produção desse porte. Mas o que impressiona são a variedade e como caem tão bem em cada uma das situações - e sempre fugindo do óbvio. As composições orquestradas tipicamente épicas até existem, mas, para mim, o que ficou nos ouvidos foram as músicas de tempero mexicano e o metalzão sujo bem ao estilo dos "road movie". A dublagem também encontrou o ponto certo. O estilo canastrão de Garcia combina perfeitamente com o clima do game e faz ótimo contraponto com o parceiro Johnson (e caveira que faz as vezes de arma, tocha, moto e muito mais). Ele é, por assim dizer, o "alívio cômico" do game, num estilo verborrágico que lembra o papel do Burro Falante de "Shrek".
Pontos Negativos
- Visão de mundo excêntrica Como dito, o universo de "Shadows of the Damned" é bem fora do senso comum. Enfim, se o seu negócio não é sangue, corpos mutilados, cenas bizarras de mortes, piadas de cunho sexual, nudez e uma certa escatologia, fique longe do game.
- Problemas visuais Assim como a mecânica de jogo, algumas animações não são fluidas. Há mudanças desjuntadas nos movimentos e toda vez que uma fase é reiniciada, o cenário é mostrado com texturas em baixa resolução, que vão sendo adicionadas a medidas que são carregadas para a memória. E, ainda por cima, os "loadings" são relativamente longos.
- Pouco incentivo para replay Além de o game ser relativamente curto (pouco mais de dez horas), uma vez terminado não existe nenhuma modalidade especial (em geral, em títulos em que há evolução de personagem, costuma haver um "New Game+", em que se pode reiniciar a aventura com o protagonista já fortalecido). Não há modos online e o máximo que se pode fazer é começar uma nova aventura num outro nível de dificuldade (e nem assim se pode pular as cenas não interativas). Fonte UolJogos
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